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CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

04 de Maio, 2018

Se Eu vivesse Tu morrias, de Miguel Castro Caldas

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© Vitorino Coragem

 

"Agradece-me
Sou um dos que te segura o chão"

Tiago Elias (1888-1965)

 

Tenho as falas nas mãos. Não sei mais nada. Estranho. Sinto que sou actor na plateia . Olho para as falas, leio (ao-mesmo-tempo-não-quero-ler) e eles representam. Olho para eles e já sei o que vão dizer. Sem falhas.  Nesse momento "o dramaturgo morre, e o actor ressuscita-o sem ele próprio morrer". 


Será que sabem que vou morrer para dar lugar a alguém? Será a morte um obstáculo? E o amor à espera de um lugar vago? 

 

Um texto de abandono e cheio de perigos, que lambe de mansinho. Os impulsos da carne, as raízes das árvores, as sombras. Cada pausa é pensada, sem tempo de retorno; regras esquisitas, mas com mérito. 


Um coração vermelho cosido na camisola da Lídia (Lígia Soares ),  a voz de Iago (Tiago Barbosa ) e os sonhos de Filinto (Miguel Loureiro),

Se Eu vivesse Tu morrias.
 ___
Passante, não chores a minha morte, se eu vivesse tu morrias, é a partir deste famoso epitáfio de Robespierre que surge o título desta peça. O passante e Robespierre não podem estar vivos ao mesmo tempo, e no entanto é isso que os dramaturgos e os atores fazem a grosso modo no teatro: o dramaturgo morre, e o ator ressuscita-o sem ele próprio morrer.
 
Com caráter de ensaio, de uma tentativa ou de uma investigação, Se Eu Vivesse Tu Morrias explora um dos limites do teatro: o texto. Contrariando a ideia de que um espetáculo de teatro decorre no presente, esta peça evidencia a não-presença, a fantasmagoria, o outro acontecimento que não é aquele que decorre no presente. 
 
Um espetáculo que não convoca os mortos para a vida, mas que nos convoca a nós para a morte, utilizando o texto como auxílio nesta viagem.
 
Se Eu Vivesse Tu Morrias ganhou o prémio SPA 2017 para melhor Texto Português representado.
 
 
Conceção Miguel Castro Caldas, Lígia Soares e Filipe Pinto 
Direção e texto Miguel Castro Caldas 
Criação, interpretação e figurinos Lígia Soares, Miguel Loureiro e Tiago Barbosa 
Criação, cenografia, imagem e figurinos Filipe Pinto 
Criação, som, vídeo e luz Gonçalo Alegria 
Direção Técnica Cristovão Cunha 
Criação e assistência aos ensaios Catarina Salomé Marques 
Pré-produção Marta Raquel Fonseca 
Produção executiva Vânia Faria 
Gestão e difusão [PI] Produções Independentes
Coprodução Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest e Fundação GDA
Apoio à produção Pólo Cultural das Gaivotas - CML, AND_Lab; Research on Art-Thinking & Togetherness; Máquina Agradável - Associação Cultural; Enseada Amena – Associação Cultural e Espaço do Tempo
Agradecimentos Ana Matoso, António Gouveia, Bruno Humberto, Fernanda Eugénio, Marta Rema, Miguel Cardoso e Susana Gonçalves

 

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