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Depois em Seguida

CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

22 de Setembro, 2017

Gi da Conceição & Ricardo Fonseca Mota


Gi da Conceição é actriz, formadora e directora artística da companhia de Teatro Perro. Licenciada em Teatro e Educação pela Escola Superior de Educação de Coimbra. Foi dirigida por Nuno Cardoso, José Rui Martins, André Paes Leme, entre outros. É especialista em danças tradicionais portuguesas e do mundo. 

Ricardo Fonseca Mota é formado em Psicologia pela Universidade de Coimbra. Foi o mais jovem vencedor do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís com Fredo, 2015. Representou Portugal na 17ª edição do Festival do Primeiro Romance, em Budapeste.  É membro e fundador da Companhia de Teatro Perro e da Associação Cultural de Tábua, Gambiarra

 

Gosto de ambos. Germinam mundos e ideias dentro deles, coisas inimagináveis. 

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Mãe/Pai VS Filha(o)? 

 Gi: Qualquer forma de amor. Pai e mãe; mãe e mãe; pai e pai e filho e filha.

 Ricardo: Pai e Mãe, portanto, filha.

 

Homem VS Mulher? 

 Gi: Não sou a favor nem do machismo nem do feminismo, por isso: homem e mulher. Aceitar as diferenças com igualdade.

 Ricardo: Todos os versos entre homens e mulheres. 


Amor VS Companheirismo? 

 Gi: Há amor sem companheirismo? Acredito que não.

 Ricardo: Amor é a música e companheirismo a dança.

Coração VS Cérebro? 

 Gi: Coração. Agir com o coração em primeiro, depois haverá tempo de racionalizar.

 Ricardo: A obra de arte sempre supera o artista que a cria, logo, coração.

 

Liberdade VS Religião?

 Gi: Liberdade. Onde ela existir. A religião acarreta muita culpa e isso não nos ajuda a ser livres.

 Ricardo: L-i-b-e-r-d-a-d-e.

 

Irlanda VS Portugal? 

 Gi: Portugal, tem mais cor. O céu parece mais longe aqui.

 Ricardo: Irlanda, se não fosse Portugal.

 

Esplanada VS Silêncio? 

 Gi: Esplanada. O silêncio traz menos partilha.

 Ricardo: O silêncio. Mesmo em festa, na esplanada, celebrando, lá está ele, quieto, cheio, empurrando-nos para uma expansão qualquer. E nós, que teimamos destruí-lo, somos feitos dele. Eu gosto do silêncio.

 

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Escrever VS Ler? 

 Gi: Ler, sem dúvida. Escrever, acho muito pouco provável que algum dia me aventure.
 Ricardo: Escrever versos. Ler. Escreler. Ver.

Capítulos VS Uno? 

 Gi: Capítulos. Torna-se mais fácil pausar quando é preciso, não preciso de deixar a leitura a meio.

 Ricardo: A minha mão foge para o todo.

 

Alberto Caeiro VS Ricardo Reis? 

 Gi: Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

 Ricardo: Um braço ou um pé? Eu gosto é de pessoas.

 

Perfeito  VS Imperfeito? 

 Gi: O imperfeito. Não tem limites.

 Ricardo: Analisando bem a imperfeição, não lhe alterava nada.

 

Linha de partida VS Linha de chegada? 

 Gi: Partida. Iniciar dá-me sempre o frio na barriga. Procurar a aventura, o novo. Ainda vou a tempo de escolher o caminho.

  Ricardo: Partir. Quebrar.

 

Biografia VS Poesia? 

 Gi: Poesia. Imaginação, criar um mundo próprio…

 Ricardo: Nenhum maldito demiurgo inventaria poesia se a vida das pessoas fosse interessante.

Não VS Talvez? 

 Gi: Talvez. Não tem ão, fá-la uma palavra maior e mais bruta. É mais quadrada e terminada não vê outras soluções. 

 Ricardo: Sim.

 

Bob Dylan VS Mario Vargas Llosa?

 Gi: Samuel Beckett.

  Ricardo: Honestamente, considero a lista dos autores que não venceram o Nobel bastante mais interessante: Borges, Virginia Woolf, Nabokov, Tolstoi, Joyce, Proust, Tchekhov, Conrad, Kafka, etc. Difícil seria escolher um destes. Mas, uma vez que não gosto de “talvez”, escolho Virgínia Woolf. 

Sonho VS Realidade? 

 Gi: No teatro posso sonhar e chegar à realidade. Na vida tenho a realidade e sonho com o teatro.

 Ricardo: Não tenho tempo para ver televisão. 

Canção VS Cenário? 

 Gi: Canção. Traz inspiração. Conversa comigo.

  Ricardo: Canções, sempre.

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 © Fotografia de Gi da Conceição

Ebook VS Livro? 

 Gi: Livro. Se adormecer a ler um ebook posso acordar com o som de um novo email a cair na caixa de correio. Não faz sentido. Os livros têm cheiro, muitas mãos que lhes pegaram, dedicatórias, escolhas de tamanho, de letra e som sem ser electrónico.

  Ricardo: Livros. Sou um animal recolector. Não me imagino na selva comendo bagas electrónicas, sementes virtuais ou fruta num ecrã. Quero caça a sério, de preferência que possa levar para casa e partilhar com a minha tribo, nutrir as minhas crias. Ebooks não me matam a fome.

Psicologia VS  Dramaturgia? 

 Gi: Dramaturgia. É com ela que trabalho.

  Ricardo: Tanto gosto de acender como de apagar luzes.

Medo VS Conquista? 

 Gi: O medo está sempre presente em tudo. Mas ter vontade de o vencer é conquistar o que desejamos.
 Ricardo:
O medo é um parasito. Estamos doentes de medo. Muitas conquistas nascem do medo e por isso não prestam igualmente. É necessário não sentir medo, inclusive, de não conquistar. Conquistar nada seria o fim de todos os medos.


Obrigado, Gi e Ricardo.