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Depois em Seguida

CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

30 de Abril, 2018

Márcia Augusto

Quem não conhece não sabe o que perde. A Márcia tem um sorriso contagiante e verdadeiro. É apaixonada pelo Baltasar – o Sete-sóis – de Saramago.

Licenciada em Ciências da Comunicação, pós-graduada em Marketing Digital, terapeuta e estudante de Filosofia. É autora do livro (Chiado Editora) e do blogue “Elas do Avesso” .  Todos os dias publica nas suas redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube). Visitem, façam like e recebam coisas boas. 

 

“Gosto de ter escolha. Gosto de virar tudo do avesso. Gosto de chorar e de ter medo que as coisas não resultem. (...) E descobrimos uma claridade que nos manda para outro lugar qualquer. Fora do mundo, dentro dele. Não sei. Fora do mundo pequenino em que, às vezes, nos enganamos e escolhemos para viver. (...)

Os comboios versam sempre mudanças de estado, passagens de um lugar para outro lugar. E, dentro, cruzam pessoas, as vontades, os desejos, as intenções e os sonhos... mas também as aflições, os pensamentos maus, os medos. E mostram-nos que tudo passa... tudo anda, mesmo sobre ferros sujos. Anda, porque tem de andar. (...)

Elas do Avesso

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  ©Arquivo Pessoal

Amor VS Cabana?
O Amor. O amor sempre ramifica, para cabanas ou não, mas, e acima de tudo, para construções de nós, nós dentro. Acho que é isso que o amor faz. A cabana é só uma expressão física ou não. O Amor, o amor é mais do que isso tudo. O Amor é um unicórnio vestido de pessoa, é a ideia mais perene de todas, o conceito mais lúcido de todos… é por isso que o Amor atravessa séculos de História, da mais refinada ou esotérica filosofia… mas o Amor, o amor sempre constrói. As cabanas vêm abaixo.

"Tal mãe" VS "Tal filha"?

Tal filha. O efeito sempre pode degenerar, no bom sentido… o efeito não vive escravo, qual estética naturalista… a filha é livre, não vive vassala da causa fechada, a Mãe. O ventre cria, a Filha reconstrói e apropria-se.

 

Reunir VS Fazer?

Reunir, sempre reunir. Reunir traz por si o fazer. Fazer – ativo -, sem a componente criadora, impulsionadora do passivo que reúne, é vazio. Reunir sempre nos envia para a Unidade, parece-me que é de lá que nós vimos.

 

Vaidade VS Empreendedores?

Empreendedores, sempre. A vaidade é um grande impeditivo à criação. A vaidade é um grande mal para mim, para todos. A vaidade tolda os olhos, engana os sentidos e, por isso, falseia a intuição. A vaidade é um espelho de criações do ego. O ego gosta de heróis, os empreendedores gostam de criar, de deixar o mundo diferente… é por isso que empreendem. Se me perguntassem porque estou no mundo, diria que tento deixá-lo diferente. Faço esse exame todas as noites. O que fiz hoje para deixar o mundo melhor? É aí que o empreendedorismo vale. É fácil cair no tule sedento e sedutor da vaidade da obra, mas há que saber que não fazemos nada sozinhos, mesmo que pareça que sim. Mesmo quando trabalhamos sozinhos, contamos com o Universo todo. Quero acreditar nisso, acredito muito nisso. Pensar que poderia fazer tudo o que faço sozinha seria por demais assustador. Sim, empreendedores. Empreendedores criam. Se forem vaidosos, o mercado acabará por selecionar, por separar o trigo do joio. Ser vaidoso é fácil. Resistir ao fracasso e criar é outra coisa. Ninguém acerta à primeira, por muito que a comunicação social nos pinte unicórnios hollywoodescos, isso não é real. Acho que é por isso que tanta gente se envolve no empreendedorismo, mas facilmente larga ou passa de projeto para projeto… empreendedorismo significa criar filhos… e os filhos têm temperamentos, reagem ao meio adverso, choram, quebram, esfolam os joelhos… podemos escolher ser mães de crianças de joelhos esfolados, curá-las, aguardar que fiquem prontas para a próxima corrida ou abandoná-las e passar para o “próximo filh próprios, mas é, também e ao mesmo tempo, a maior lição de amor que tive por mim e pelos meus “filhos” (textos, livros, aulas, terapias, cursos… todo o mundo, por um lado etérico, por outro artístico, do Elas do Avesso, enquanto blogue, livro e posicionamento do ensino alternativo do Português e da Filosofia, a par do alavancar da Consciência no Borboletar).

Errado VS Certo?

Eu acho que prefiro o errado, porque o errado nos leva irremediavelmente para o certo. O certo pode ser oco, de arestas fechadas, sem buraco que o salve… estamos aqui para errar, errar muitas vezes. Há uma revista que, creio, não tem tido novas edições, que se chama “Erros” e há um texto de uma edição qualquer que me tocou profundamente… “Os erros certos”. Se não fossem os erros todos da minha vida, provavelmente não estaria aqui agora, provavelmente outra vez, os meus ensinamentos sobre “certo” passariam facilmente para a esfera do esgotável. Não estamos aqui para acertar. Estamos aqui para errar e aprender o certo, o conhecimento que advém do erro. Ninguém aprende a ler à primeira. Querer tudo certo sem erro não é humano, é uma ficção narcisista e de vitrine. Na vitrine expomos o certo… numa montra… tens o sucesso de erros anteriores… pensa num computador, numa peça de roupa na montra… Quantos erros anteciparam o “certo”, o sucesso da máquina, o sucesso do tecido? Somos filhos do efeito, escravos do resultado… o resultado certo… o resultado é só isso, o resultado… o resultado é o fim. A história é o erro.

Do avesso VS Do direito?

Claro que é do avesso. Essa é provocação. O avesso mostra-nos o lado certo, faz-nos conhecer as costuras das coisas… é porque conheço as costuras de mim, a parte “feia”, sombria, escondida do social (porque, mais uma vez, somos apologistas do certo, do direito, do sucesso, da montra do “ ‘tá tudo bem”… basta pensarmos que existem medicamentos para esconder e “tapar”, em asfixia legislada, a tristeza), que posso ser quem sou, tentar pelo menos. Direito? Deus me livre do “direito”.

 

Homens Rudes VS Homens meigos? 

Bom, isso é demasiado extremista, paradoxal, não sei. Nem totalmente rude, nem inteiramente meigo. Outra vez, o equilíbrio entre o ativo – rude - e o passivo – meigo. Não vamos confundir aqui os valores de ativo e de passivo. Ativo no sentido de algo que cria, que é agente capaz de volição no mundo e o passivo que recebe. Se o primeiro semeia, o segundo recebe (acerca dos componentes yin e yang, passivo e ativo). Não dá para antagonizar os extremos, eles estão lá, fazem parte da mesma linha, meramente podemos percorrer o caminho de um extremo para o outro, mas não é possível separar a linha e entrar em paralogismos disjuntivos… ou isto, ou aquilo. Eu preciso disto e daquilo.

 

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   ©Arquivo Pessoal

Medo VS Sossego?

Nem um nem outro. O medo paralisa, o sossego atrofia, torna confortável, que é, por acaso, aquilo que o medo gosta… ou seja, é porque gostamos de estar confortáveis (sossegados), que temos medo… temos medo do desassossego, da diferença face ao estado inicial. A boa notícia? É inevitável mudar de estado. Ainda assim, se tivesse de escolher, escolheria a atitude de sossego face às mudanças de estado que a vida sempre nos convoca.

 

Coração VS Angelical?

Há diferença que justifique o antagonismo? Não sei. Coração. Angelical, por ser adjetivo, já determina, qualifica. O coração pode ser muita coisa e assume muitas formas, muitos estados, mas sempre verdadeiros e reflexos do uno. Coração.

 

Blogger VS Fertilidade?

Fertilidade. Ideias férteis podem criar um blogger, um blogger não cria necessariamente de modo fértil. Fertilidade porque faz crescer, porque alimenta, porque deixa a realidade diferente, porque aumenta. Fertilidade, sem dúvida.

 

 Hoje VS Amanhã?

Hoje, sempre hoje. Amanhã não há. No máximo, há uma ficção dos meus pensamentos face àquilo que pode ser amanhã… e Deus nos livre da ficção e da expectativa. O demónio veste-se de expectativa. O hoje veste a roupa que lhe deram hoje, agora, é mais seguro e é o único possível de amar, de transformar.

 

Preconceito VS Tolerância?

Sempre tolerância. O preconceito é a atitude mais idiota possível num ser humano. Tudo o que está em desarmonia radica no preconceito, a na ideia anterior à Verdade, na ilusão criada sobre o que é a verdade… preconceitos dissolvem-se, a tolerância pode ajudar nisso.

 

Nós VS Os outros?

Sempre nós. Não há outros. Quem são os outros, de facto? Há outros? Freud responde e eu acredito. Tudo o que eu vejo no outro está em mim… predicados maus, narrativas boas… se calhar, faz sentido pensarmos no Um… se pensarmos bem, todos os projetos, que foram avante, tiveram e têm como radical e bandeira a união, o projeto enquanto causa, o efeito prendido com o resultado para todos (o conceito de “Todos” só pode caber em nós). Parece-me que andamos distraídos com a falsa ilusão do outro.

 

Raiz Vs Livre?

Livre. Sempre livre. A verdade é que se eu sou livre, eu vou respeitar a minha raiz, a minha Fonte. Se eu optar por ser só raiz, vou morrer nos predicados que me causam, não vou alargar nada do que a raiz me trouxe. Uma flor que se ficasse pela raiz seria livre? Não me parece… antes e meramente vítima voluntária de um capataz que suprime. Acho que é assim que a maioria de nós vive… e acho que é por isso que há tanto por criar. Não entendemos que respeitar a raiz é honrar a liberdade daquilo que a raiz me pediu para ser. Ter raiz significa ter uma base, uma origem, eu posso fazer com ela o que eu quiser. É aí que o mundo falha. Repete raiz, em vez de a expandir (liberdade).

 

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   ©Arquivo Pessoal

Estórias VS Verão?

Verão, sempre verão. O verão traz estórias. As estórias são verdes no verão, têm som frutado… as palavras ganham dimensão pictórica no verão. Sempre o verão. Há um verão que narra. As estórias são dele.

 

Memórias VS Ensinar?

Sempre ensinar. Ensinar cria futuro. Memórias estão lá… no passado. Tiveram o seu papel, mas não são mais, não têm o valor aberto de um presente do indicativo… não trazem nada, esgotam o tempo. Por mim, aboliria o pretérito.

 

Perguntar VS Responder?

Perguntar… perguntar cria espaço para saber. Responder compromete, fecha círculos de conhecimento. É necessário fechar. Mas eu prefiro sempre a Pergunta, a liberdade infindável da Pergunta.

 

Teoria VS Ciência?

Ciência, no sentido de conhecimento. Teoria não leva a nada sem prática do conhecimento, isto é, Ciência.

 

Sorrisos VS Lágrimas?

Vou ser romântica, ou talvez não. Lágrimas. Os sorrisos são bonitos, mas as lágrimas ensinam. Acho que temos uma relação muito má com as lágrimas… são as más da fita… chegamos ao ponto de ter medicamentos para parar as lágrimas, para suster estados de tristeza… acho isso uma atrocidade. Mesmo a flor precisa de se fechar, de lacrimejar dentro de si, para se abrir e nos dar o fulgor da cor, mesmo a flor precisa de se fechar um bocadinho mais à noite, voltar-se para dentro, para a sua própria escuridão… porquê que os humanos teimam em criminalizar as lágrimas? Até porque depois de grandes choros, vêm grandes sorrisos, sensações de relaxamento… sim, temos de chorar mais. Dia do choro. Parece-me bem (que acho que deveria de ser todos os dias… todos os dias há um luto por fazer, como as flores que se fecham e se abrem, renovadas para o dia seguinte. Se chorássemos mais, a conta no bar seria menos dispendiosa. A sério que sim. A da farmácia nem se fala… Mas, sem tristeza, o capitalismo e o negócio não andavam… deve ser por isso. Falo de uma tristeza curada pelo choro livre… que mundo é este onde chorar é errado? Posso rir na rua, mas se chorar em público algo de muito errado se passa comigo… que raio de educação robótica é esta? Cheia de preceitos, de regras do devido em público, de regras de educação que fazem mal à saúde? Prefiro má educação. Avesso e má educação… ora aí está um bom título para um próximo livro…

 

"Às Vezes" VS "Talvez"?
Às vezes, porque, se acontece às vezes, relega-nos para a ação. O talvez é, muitas vezes, um atulhar de possibilidades por concretizar. O talvez abre, mas o “às vezes”, mesmo que solto, concretiza.

 

Obrigado, Márcia 

24 de Abril, 2018

Patrícia Dias

As a constant searcher, I follow paths without knowing where they might lead me. Art is one of them!

Patrícia Dias 

 

 

Podia imaginar um cenário perfeito para conversar com a Patrícia. In Your Own Sweet Way de Dave Brubeck seria a escolha musical e a natureza - a eterna confidente - como fundo. O tempo seria tão pouco para saber de tudo. Ainda há tanto. 

 

Patrícia tem o coração dividido em duas partes: a música e a doce menina dos afectos, do sorriso. Podia viver na Casa da Música ou nos jardins da Gulbenkian, todos gostariam dela... como eu gosto. Pela sensação de leveza, divertida, de amizade.

 

É vocalista em dois projectos, Projeto Jazz (Jazz, Blues e Bossa Nova) Driving Miss Days (covers com cunho pessoal). 

 

"Rusted brandy in a diamond glass
Everything is made from dreams
Time is made from honey slow and sweet
Only the fools know what it means"

 

Temptation, Diana Krall 
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  ©Arquivo Pessoal

 

Amor VS Música?
Amor, porque permeia tudo o que é bom, incluindo a música! E de preferência, amor com uma boa banda sonora.


Medo VS Tempo?
Tempo. O medo é uma forma de perder tempo e o tempo é demasiado precioso para ser vivido com medo. Para além de que tempo, quero sempre mais. Medos, já tenho que chegue!


Elogios VS Palmas?
Palmas. Por muito bom que seja receber elogios, seria estranho não ter palmas durante um espectáculo, porque são uma fonte de energia e também uma forma de elogio.


Perfeito VS Imperfeito?
Perfeito. Pelo menos, segundo os meus parâmetros. Mesmo não sabendo definir ou até identificar o que isso seja, busco sempre o melhor, o mais harmonioso, o mais mágico, o mais… que for possível.


Dia seguinte VS Ontem?
(Não há a opção “Hoje”?) O dia seguinte. Pelo menos esse será sempre uma surpresa (boa ou má) e traz infinitas possibilidades.


Experiência VS Stress?
Experiência, mesmo que possa incluir stress. Só o stress não me move, antes pelo contrário – paralisa-me. Já a ideia de acumular experiências novas, que se vão integrando umas nas outras, é quase um objectivo de vida.


Quotidiano VS Subjectivo?
Quotidiano. Gosto dos pequenos nadas do dia a dia, daquela estrutura que me dá margem para lhe fugir aqui e ali.

 

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   ©Arquivo Pessoal

 


Nós VS Outros?
Nós. Gosto de pensar numa perspectiva de inclusão e cooperação e não em grupos rivais. Além de que se escolher os Outros, eu fico de fora da festa e assim não tem graça nenhuma.


Palco VS Carro?
Essa é difícil… Mas escolho o Carro (que não tenho). Em palco também se viaja, mas não dispenso uma boa road trip.


Saudade VS 5 Sentidos?
5 sentidos. A saudade é um sentimento bonito e romântico (e que dói), mas vive somente dentro de nós, por isso acaba sendo algo só nosso, alimentado por nós, que já não interage com o mundo “real”, exterior a nós. Portanto, prefiro demorar-me no presente e percepcionar a vida através dos 5 sentidos.


Insensatez VS Recompensas?
Recompensas. Agora que sou crescida, sou uma menina certinha, não sou muito dada à insensatez. Prefiro uma recompensa quando faço um truque impressionante ou, no mínimo, competente.


Episódios VS Tabuleiro?
Tabuleiro! Episódios estão sempre à mão, para quando não há nada melhor para fazer e sempre se tem de queimar algum tempo. Já um grupo de bons amigos que se queiram sentar em torno de um tabuleiro… não é de desperdiçar.


Wagner VS Beethoven?
Eu sou Balança, tenho muita dificuldade em fazer escolhas… (Uma desculpa clássica para fugir a uma escolha).

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   ©Nádia Neto


Raízes VS Liberdade?
Raízes. Passei muito tempo a desejar a liberdade e a desvalorizar as raízes. Até que percebi que se calhar tinha percebido tudo mal e que se pode ser livre mesmo estando bem enraizado.


Manhã VS Noite?
Há uns anos, nunca imaginaria que iria responder “Manhã”! Mas a verdade é que de há uns anos para cá fui começando a gostar mais e mais da energia fresca, intacta do início do dia, ainda cheia de ânimo, e a calma, os sons, os cheiros, a luz, à laia de preparação para o arranque de mais uma jornada, quase como uma segunda oportunidade. Especialmente, se for em silêncio, ao meu ritmo.


Tolerância VS Preconceito?
Tolerância, sempre! Já que também a agradeço quando dirigida a mim.


Felicidade VS Fanfarronice?
Felicidade VS Tudo o resto. Afinal, é para isso que andamos cá. Claro que há certas pessoas que apregoam a sua felicidade e não passa de fanfarronice… mas isso é outra questão.


Coração VS Cérebro?
Uma colaboração entre os dois é o ideal, pois que não substituem um ao outro. Mas em caso de litígio, o coração é capaz de ter palpites mais certeiros. O cérebro às vezes tem a mania que é o chefe disto tudo, e às vezes embrulha-nos em espirais diabólicas, muito perigosas.


Partilhar Vs Acreditar?
Acreditar. Gosto muito de partilhar, até da palavra em si. E acredito no poder da partilha! Mas em geral, acho que é preciso acreditar em alguma coisa. Sempre.


Perdão VS Adeus?
Perdão. Mesmo que se diga adeus.

 

Obrigado, Patrícia. 

19 de Abril, 2018

Francisco Gomes

O Francisco é actor, contador de histórias ao vivo, escritor, comunicador, marketeer e fundador da página Nano-Contos; apostando na mistura humor- amor, acrescentando formas originais e inexplicáveis à escrita.   

"Herdou a biblioteca do pai. Levava sempre um livro para o restaurante. Antes da conta, dizia que ia lá fora fumar um cigarro e já voltava. Deixava o livro aberto, para dar confiança. Não voltava. Quem disse que a literatura não alimenta?"

 

É autor do livro mais pequeno do mundo: Nanocontos  (Lua de Marfim Editora). São 44 páginas de contos com menos de 40 palavras. Histórias de amor, morte e amizade. E tudo o que está pelo meio.

 

"Não suportava idolatrias. Entrou no museu de cera e colocou um pavio em todas as cabeças."

 

"Viu-a na rua, no dia da poesia. Pensou que poderia emparelhar com ela, mesmo que não rimassem. Dois versos de carne, escritos pelo acaso. Ao perdê-la de vista, a metáfora acabou por ser uma "meta" que ficou de "fora"."


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  ©Arquivo Pessoal

Histórias VS Frases?

Histórias? Uma boa frase conta sempre uma história.

 

Aventura VS Espontaneidade?

Espontaneidade. Só quando nos entregamos à coragem de sermos verdadeiros connosco próprios é que a aventura começa.

 

Palco VS Escrita?

Palco. No palco dá-se carne e movimento à escrita.

 

Story cubes VS Pessoas?

Pessoas, com boas histórias para contar e com cubos de gelo nos copos.

 

Quarenta VS Quatro ?

Quarenta. Estou a habituar-me aos quarenta…

 

Pequeno VS Grande?

Pequeno - Less is quase sempre more.

 

Visão VS Tacto?

Visão. Se me anestesiassem o corpo todo e só pudesse mexer os olhinhos, continuava a poder ler, certo?

 

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 © JP Carvalho 

 

Perguntas VS Respostas?

Perguntas. Como dizia o escritor Mario Benedetti, “Como seria o mundo sem perguntas?”

 

Jogos de Tabuleiro VS Meteoros?

Jogos de Tabuleiro. Porquê ter só meteoros se nos jogos de tabuleiro podemos ter o universo inteiro?

 

Origami VS Hygge?

Origami. Se for um beijo origami (a dobrar).

 

Amor VS Humor?

Humor. Nunca poderia amar quem não me fizesse rir ou que não se risse comigo (e de mim).

 

“Remember this!” VS “Best day ever!”?

Remember This! - Gosto de lições dadas por boa gente.

 

Presença VS Gratidão?

Presença . A arte de estar presente, estar realmente lá, é a única coisa que se pode agradecer a alguém.

 

Espero VS Eu?

Eu? Odeio esperar. Mas adoro a auto-confusão.

 

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  ©Arquivo Pessoal

Telemóvel VS Sorrisos Amarelos?

Sorrisos amarelos.  O cinismo é mais facilmente detectado ao vivo do que nos emojis.

 

Poesia VS Abraços?

Poesia. É tão bom ser abraçado por um poema.

 

Medo VS Silêncio?

Silêncio. - Ó Medo… Chiu!

 

Liberdade VS Reflexão?

Liberdade.  “A minha liberdade tem o limite da liberdade do outro” é uma reflexão tão simples, mas tão boa.

 

Feelings VS Partir?

Feelings. Ter a coragem de sentir e de ficar é difícil, mas vale a pena.

 

Lamechas VS Auto-estima?

Auto-estima.  A auto-estima autoriza alguma lamechice, o que até fica bem. Aliás, a auto-estima autoriza qualquer coisa… desde que não seja em excesso e se torne uma coisa insuportável.

 

Obrigado, Francisco. 

14 de Abril, 2018

Sophia, "para lá do jardim e dos muros da casa"

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©Carlos Gomes

 

Deixei de "acreditar" na Sophia com O Rapaz de Bronze. A escrita infantil da Sophia é nostálgica (magoou-me e nunca foi uma questão de tempo!), é uma jarra de flores vazia num jardim sem ninguém, "(…) uma casa toda feita de vidros como uma estufa”, as mãos sujas de barro, uma tulipa sozinha e um sonho que desaparece e que ninguém aceita. A Sophia fez-me sentir um pouco ridículo nas suas antíteses, nas suas casas. Não me senti igual, senti-me um miúdo ainda mais melindrado com o amor, com os sonhos, mesmo quando temi a mudança do 'eu'. 

 

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição

Onde tudo nos quebra e emudece

Onde tudo nos mente e nos separa

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

Sophia...

 "para lá do jardim e dos muros da casa"
 

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 ©Carlos Gomes

 

Mas o que acontece efetivamente por detrás dos muros da casa?

 

Excertos de 'A Noite de Natal', 'A Floresta', a 'Fada Oriana', 'Menina do Mar', 'Oriente' e o 'Cavaleiro da Dinamarca' planeiam a viagem de Sophia. Os protagonistas são crianças solitárias que querem descobrir o que está para lá dos muros da casa, realçando as suas sombras subtis num céu nublado. 

Fadas, anões e o mar...

A ilusão, o medo, o nada...

“Tu nunca foste ao fundo do mar e não sabes como lá tudo é bonito.” 

 

***

Sophia sobe ao palco pelas vozes e movimentos dos actores Joana Isabella, João Amorim, João Santos e Margarida Sousa, encenação de Isabel Craveiro; é a mais recente produção da companhia Teatrão (Coimbra). 

 

Sophia – escritora –  ganhou vida em Sophia pela sensível cenografia de Filipa Malva, uma sensação de fluidez, cuidada, com a beleza dos pormenores. Apenas

 

Desculpa, Sophia. 

 

11 de Abril, 2018

Gonçalo Puga

Gonçalo Puga é asmático e consegue construir narrativas ficcionadas com uma fonte inesgotável de calorias e parentalidade. Esta diversidade significa ter as melhores crónicas humorísticas do P3. No entanto, é legendador de arte no tempo livre e comediante à noite. A partir daí, o Gonçalve Jarco nasceu. 



«Vira-se para mim e diz-me: “Se queres comer doces estás por tua conta”. Deixou-me à minha mercê e à mercê das pastelarias. O que é muito perigoso. Tem tudo para correr mal.» 

Uma freira dentro de mim

 

«A teoria das famílias numerosas está completamente invertida. Uma família não devia ser numerosa por ter muitos filhos, mas por ter muitos pais. Comprava-se um carro de família, não para pôr as cadeirinhas das crianças, mas para pôr os pais todos lá dentro. “Vá, toca a entrar. Ora bem, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. Estão todos?” “Não, falta o André.” “Ah, é verdade, falta a criança.”»

Uma criança precisa de dois pais (no mínimo)

 


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 ©Arquivo Pessoal

 

Terapatife VS Gigabiltre?
Gigabiltre. Gosto mais de biltres.

 

Co-worker VS Deus?
Agora é que me lixaste. Acho que Deus. Pelo menos não é um anglicismo e posso imaginá-lo como quiser. À minha semelhança, por exemplo. Ou à de uma ténia.

 

Amor VS Humor?
Talvez pistáchio. Não sei. Escolho humor, porque tem mais uma letra. Ganha no foto-finish.

 

Altifalante VS Liberdade?
Altifalante. O que seria da liberdade sem um altifalante? Ou sem um megafone, por exemplo? Como é que o pessoal gritava palavras de ordem sem isso? Não dava sequer para fazer o 25 de Abril. Ainda estávamos em ditadura, provavelmente.

 

Perguntas VS Respostas?
Fica sempre bem responder perguntas, porque as respostas são muito definitivas e tal. Por isso escolho respostas, só para variar.

 

Santos Populares VS Santas Populares?
Isso dava um belo combate de luta livre. Santo António, São Pedro e São João contra umas santas quaisquer - a Santa Apolónia, a Santa Joana Princesa e a Santa Comba Dão, por exemplo. Eu apostava nas santas. Mas continuo a preferir o Alien vs Predador.

 

Aproveitar VS Sonhar?
Aproveitar. Há que gozar os momentos possíveis, porque sonhar é quase automático. Até a dormir conseguimos fazê-lo.

 

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  ©Arquivo Pessoal

 

Sorte VS Mudança?
Mudança. De preferência com alguma sorte.

 

Autocolantes VS Pessoas?
Autocolantes. Agora que estamos perto do Mundial de futebol a prioridade é fazer a caderneta.

 

Talento VS Espanta-espíritos?
Talento. Porque sem isso não é possível fazer espanta-espíritos. Se alguém disser que os melhores criadores de espanta-espíritos são puro trabalho, isso é mentira.

 

Mente VS Corpo?
Acho que vou escolher a mente. Se bem que a mente sem o corpo não dá muito jeito. Porque depois arrasta-se muito pelo chão.

 

Ciência VS Mito?
Ciência. Acho que faz falta mais ciência. Bitaitamos de mais. Especialmente eu.

 

Escrever VS Ler?
Escrever. É mais doloroso, mas traz outra recompensa. Se bem que ler é bom. Se me dessem uma biblioteca jeitosa e me dissessem “Agora ficas aqui a ler até morreres!”, eu talvez alinhasse nisso.

 

Passado VS Futuro?
O que é o futuro sem o passado e tal e coiso? Como sou meio nostálgico vou escolher o passado. Mas sempre com o futuro debaixo de olho, esse maroto.



Emojis VS Abraços?
Pois, abraços. Sou uma pessoa de meia-idade, que confunde emojis com emoticons, por isso vou dar uma de analógico.

 

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 Desenho de Paulo Puga 

 

Nu VS Silêncio?
Acho que silêncio. Não tenho nada contra nudez, pelo contrário. Mas se tiver uma pessoa nua à frente enquanto trabalho, isso acaba por distrair um bocado. Se for uma pessoa nua barulhenta, ainda pior.

 

Inclusão VS Gratidão?
Gratidão. Porque reconhecer ou ser reconhecido são coisas boas. Enquanto inclusão tanto pode ser abertura aos outros, como querer pertencer ao grupo, o que é um bocado adolescente.

 

Imaginário VS Autêntico?
Vou pelo imaginário. Faz-me lembrar aquela música dos Ban “Dá-me o irreal, o imaginário”. Anos 80 no seu melhor. Deve ter sido das poucas bandas que produziu um presidente de clube de futebol.

 

Prática Vs Rendição?
Prática. Porque rendição não soa muito bem. A não ser que seja perante uma coisa muito boa. Aí sim, é giro.

 

Jarco VS Shin Chan?
Jarco. Uma vez que nunca tinha ouvido falar do Shin Chan. O que é uma grande falha da minha parte, a avaliar por esta notícia que transcrevo na íntegra do site Delas.pt:


«A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) determinou que ‘Shin Chan’ só deverá ser emitida pela televisão portuguesa em “horários após as 22h30”. A deliberação surgiu depois de o regulador ter recebido, entre 6 de dezembro de 2016 a 24 de janeiro deste ano, 105 queixas de espectadores contra um episódio da série de anime transmitida no nosso país pelo canal Panda Biggs.
O Instituto de Apoio à Criança, a Ordem dos Enfermeiros, o Projeto Criar e a Secretaria-Geral do Ministério da Saúde foram algumas das entidades que manifestaram preocupação com o capítulo em questão, emitido a 27 de novembro do ano passado, alegando que o mesmo continha cenas que poderiam remeter para atos de pedofilia ou pornografia.
Uma dessas cenas foi descrita pela Ordem dos Enfermeiros: “Duas personagens vestidas como enfermeiras, no âmbito de uma unidade de saúde, realizam um exame ao ânus da personagem principal – uma criança de cinco anos, de nome Shin Chan – exame que passa por penetração com os dedos e sugestão de penetração com objetos, acompanhado de comentários sobre a alegada perfeição do ânus e imagens e sons de sofrimento da mesma criança”.
O Panda Biggs respondeu, contextualizando que “o pai de Shin Chan é submetido a uma operação às hemorróidas, (…) está muito queixoso, enquanto o filho está sempre a fazer traquinices e a gozar com ele”. “Shin Chan andava pela clínica a mostrar o rabinho a toda a gente, a médica que tinha operado o pai e que fazia a ronda com as enfermeiras pelos pacientes, aproveita o momento para analisar o rabo de Shin Chan”, descreve o canal à ERC.
O regulador concluiu que “não se poderá considerar que a cena em causa consista em abuso sexual ou pedofilia”. No entanto, “após a visualização daquela cena num contexto descontraído e humorístico de desenho animado, as crianças podem ser levadas a não encontrar diferenças relativamente a outros atos que, sendo aparentemente semelhantes, revestem-se das maiores diferenças, consistindo em abuso sexual de menor”, lê-se na deliberação.
O organismo que regula a comunicação social alertou, assim, “o Panda Biggs para a necessidade de adequar os conteúdos que emite ao seu público-alvo” e foi com este objetivo que pediu para que a ‘Shin Chan’ seja emitida “após as 22h30”, quando é “menos provável” que seja assistida por “as crianças mais novas”.»

 

Obrigado, Gonçalo. 

11 de Abril, 2018

11º Festival Internacional de Música da Primavera

 

Viseu não é uma cidade simples. É uma cidade com vida, quer queiramos admiti-lo ou não. Apesar de todos os problemas que tantos insistem em trazer ao de cima, Viseu continua a ser uma cidade com movimento, iniciativa e cultura. Achamos sempre que é pouco, e em certas coisas até poderá ser. Contudo Viseu é uma cidade onde há espaço para todo o tipo de cultura.

Pela décima primeira vez, com o apoio do Município de Viseu, o Conservatório Regional de Viseu Dr. Azeredo Perdigão apresenta o Festival Internacional de Música da Primavera. Com uma grande variedade de concertos, concursos de instrumentistas, masterclasses, concertos pedagógicos, incluindo também o Concurso Internacional de Guitarra, a cidade de Viseu vai ficar preenchida com musicas que soarão das grandes salas da cidade, desde o Clube de Viseu, Catedral, Igreja da Misericórdia, Aula Magna do IPV, entre outros locais.

O mês de abril, será, portanto, um mês recheado com grandes músicos e grandes concertos. O bilhete para cada um dos concertos é de 5€.

Perder oportunidades como estas é deixar de lado o valor e o trabalho do que ainda se vai fazendo pela cultura neste país onde se privilegiam coisas banais e se esquece daquilo que enriquece as mentes e não esvazia as carteiras.

Para quem quiser ver melhor o programa, poderá visitar a página (aqui).

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No passado domingo, pelas 17horas, aconteceu um grande concerto na Igreja da Misericórdia, onde foi possível ouvir-se composições de François Couperin no magnífico órgão de tubos daquela igreja.

Deixo um pouco do que se pode escutar.

 

 

 

Espero, sinceramente, que todos aqueles que consigam assistir a alguma destas atividades, que o faça, também com o intuito de crescer culturalmente.

Ao Conservatório Regional de Viseu Dr Azeredo Perdigão e ao Município de Viseu, os mais sinceros parabéns por mais um ano com esta iniciativa e que tornem a nossa cidade, cada vez mais, fonte de cultura para todos aqueles que dela desejam beber.