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Depois em Seguida

CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

23 de Abril, 2019

q.b. bistrô

Viseu está cada vez mais repleto de bons restaurantes. Posso até afirmar que nesta cidade se come muito bem! Se viseu tem sido considerada uma boa cidade, com estes atributos só se pode orgulhar dos viseenses que tem e dar-lhes o devido valor.

 

Hoje decidi ir jantar a um restaurante que ainda não conhecia. Já lá tinha estado com outro conceito. Mas desde que tinha mudado, ainda não tinha entrado lá. Talvez por falta de oportunidade. E cada vez que passava lá à porta lembrava-me que tinha de lá ir. Depois de tanto adiar, hoje foi dia de conhecer o “q.b. bistrô”.

 

Há uma nova tendência a povoar restaurantes, uma tendência de comida saudável e fora do habitual. Já não se preocupam em ter demasiados pratos, mas a terem uma ementa mais simplificada mas com pratos de comer e chorar por mais. 

 

O “q.b. bistrô” localiza-se na conhecida Rua da Paz, mesmo no centro da cidade. Com uma decoração simplista, consegue tornar-se um espaço muito acolhedor, dando espaço ao cliente para se sentir bem, conversando ou lendo ou simplesmente passar uma boa refeição.

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Existem vários aspetos que na minha opinião são importantes para se poder avaliar um restaurante: para além da boa ou má comida, sinto sempre necessidade de avaliar o espaço e a sua organização, a forma como a ementa é legível e até o clima que no restaurante se vive. É claro, super importante para mim, o atendimento!

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Ao entrar-se neste restaurante, sente-se logo uma enorme vontade de ali ficar. O espaço simplista mas com detalhes interessantes, quase que nos obriga a ficar. Depois de sentados e de ementa em frente é com facilidade com que lemos a ementa e percebemos logo aquilo que desejamos.e bem antes de provarmos seja o que for, vem o tipo de atendimento cuidado que por lá recebemos. Existe logo o à vontade, a sugestão ideal é a simpatia.

 

Para mim, comer algo é sempre um desafio, principalmente se não for algo a que esteja habituado. Pedi, arriscando naquele que é sempre um prato que exige muita atenção: o Magret de Pato. Este, por sua vez, vinha acompanhado com um puré de castanhas delicioso, regado com cogumelos. Se a tábua de entradas já anunciava o gosto, até à sobremesa não tive uma única queixa.

 

O tempo de espera foi curto. Verdade que não estava muita gente e que isso agiliza sempre, mas também é um fator a ter em atenção. 

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Saí satisfeito deste espaço que já recomendei e a que quero voltar brevemente. Durante a semana, aos almoços, têm uma ementa e depois a carta ao jantares. Aos sábados servem o típico brunch, que ainda não tive oportunidade de experimentar em nenhum restaurante da cidade.

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Se ainda não se decidiu onde ir jantar num dia normal ou num dia especial, passe pelo “q.b. bistrô” e deixe-se regalar por orgasmos gastronómicos. Parabéns pelo trabalho e voltarei brevemente! 

08 de Abril, 2019

Selma Carvalho | ENCONTRA A HARMONIA NAS MOSCAS

Selma Carvalho é designer gráfica, coach profissional, joalheira e formadora na área do visual merchandising.  Criou a marca User Jewels de joalharia e acessórios de moda contemporânea com uma narrativa elaborada, figurativa e com sentido interventivo. Atualmente tem duas coleções: “Liberdade e Posse” e “Under Nature”.

“todas elas são interventivas ao ponto de provocarem no espectador um misto de sentimentos, ora porque materializo moscas em anéis, alfinetes de peito, colares e pulseiras, ora porque esculpo caras disformes a saírem de flores. Porém todas estas peças são lindas aos olhos de quem se identifica com a marca, e uma coisa é certa, não tenho nenhuma que seja indiferente a olhares alheios”, revela Selma.

 

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O teu projeto tem início numa relação entre a tua origem e a liberdade? 

É a partir das minhas peças que me expresso e defino a minha identidade como autora. A liberdade ou a libertação fazem parte da história dos países que fazem parte da minha história, Angola e Portugal, por isso a noção de liberdade é um tema que me interessa muito, é tão profundo e complexo, ao ponto de o ter como título na minha primeira coleção, “Liberdade e Posse”. Este tema, levou-me a explorar vários sentidos de liberdade, levou-me a conhecer movimentos históricos de libertação, a explorar de como vivemos a liberdade ao longo da nossa evolução, a compreender que noção temos nós de liberdade atualmente e assim cheguei a uma questão que aborda um sentido quase contraditório que é: até que ponto a LIBERDADE de TER nos aprisiona?, isto também me levou a questionar o valor da joia que têm muitas vezes um aspeto inacabado e a presença das moscas é uma forma de acentuar essa questão de valor, também usar outros elementos formais como as mãos que está relacionado com a ideia de ter, agarrar, rasgar ou dar e os pássaros que num sentido lato representa a liberdade mas personifico na personagem do homem pássaro.

 

 

Como crias um ambiente de trabalho tranquilo? 

Penso que a música é o elemento indispensável para me proporcionar o ambiente ideal, também sentir-me tranquila comigo mesma ou estar rodeada que pessoas com boas energias criativas, pois o trabalho de joalheiro chega a ser um pouco solitário, por vezes gosto dessa solidão e aí trabalho no meu atelier em casa, mas preciso também de estar em contacto com outras pessoas que estão no mesmo desafio, que emanam uma energia fazedora e aí também trabalho num outro atelier com outros designers.

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Sempre pensaste que a joalharia seria o teu futuro ou tinhas outros planos? 

Sempre gostei de moda e de várias atividades relacionadas com este setor, cresci a sonhar ser estilista, depois os sapatos também eram uma paixão, tinha cadernos cheios de desenhos de calçado, e ainda passei pelo design de calçado. A joalharia surge muito mais tarde e quase por brincadeira quando fiz um workshop de iniciação de joalharia, é uma arte difícil mas desafiante tecnicamente, fui percebendo que conseguia expressar as minhas ideias a partir das peças e fui ganhando cada vez mais gosto, seguiram-se 6 anos em modo de hobby e de aprendizagem, mas foi quando finalizei, o curso de joalharia de moda, na LSD, que tudo me pareceu fazer sentido. O Curso foi ministrado pelo designer Valentim Quaresma (que é uma referencia para mim) e a sua equipa, neste curso tivemos uma abordagem completamente diferente de outros cursos que tinha feito até ao momento, pois não era tão concentrado na técnica mas sim no processo criativo e nos materiais, também me deu uma noção mais realista de como lidar com este mercado. O que me fez sentir mais confiante para avançar com a minha marca.

 

Como costumas desenvolver o processo criativo? 

As ideias ou os temas que represento, partem muito do que observo, principalmente temas muito relacionados com a natureza humana, gosto de observar como nos comportamos perante algumas situações e perante as coisas. Então surgem frases ou imagens como visões que depois trabalho num mapa mental, onde associo conceitos que são o ponto de partida para um moodboard onde procuro imagens, materiais e personagens referentes aos conceitos que encontrei anteriormente, em seguida faço esboços e maquetes. Este processo é importante para mim,  pois dá-me a possibilidade de manter uma coerência formal na coleção.

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Existe alguma peça que te orgulhes mais do que outras? 

Orgulho-me de todas, porque é desafiante conseguir materializar as minhas ideias, no entanto, destaco uma pulseira em acrílico cravejada de caras, por várias razões, pelo seu significado pois ela representa as muitas identidades que incorporámos em nós, porque foi das primeiras peças que fiz para a marca, porque essas caras surgiram de forma espontânea e também porque tecnicamente aprendi muito ao executá-la.

 

Qual o melhor conselho criativo que já recebeste? 

Foi me dado pelo meu marido, que foi sempre um apoiante incondicional, que sempre me disse para ser fiel às minhas ideias e não sucumbir ao lado mais comercial do gosto comum. Se bem que este meu percurso profissional na joalharia tem sido uma aprendizagem constante e tenho tido a sorte de estar rodeada de pessoas que me têm orientado e que em têm aconselhado de forma muito sábia.

 

Se te concedessem um desejo, qual seria? 

Acredito que o desejo ou o sonho de alcançar algo, nunca nos é concedido como uma dádiva divina, porque na verdade não depende de ninguém a não ser de mim, e por isso quero continuar a realizar-me a expressar-me nesses sentidos de liberdade que tenho encontrado, esta é a minha forma, é meu sentido de vida e que espero que outros se identifiquem com ele.

 

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Acompanhe o trabalho da Selma em: 

https://www.userjewels.com/
https://www.instagram.com/user_jewels/
https://www.facebook.com/user.conceptualaccessories/

 Venda|  Loja online  - 21pr Concept Store, Príncipe Real;

05 de Abril, 2019

CELSUS - Celso Assunção

CELSUS é um contador de histórias, um criador de personalidades únicas em cada peça que cria.

 

Chegou-me por uma amiga e desde logo o seu trabalho me impressionou, pela minha paixão por chapéus. Lancei-lhe o convite que prontamente aceitou.

 

Celso Assunção, ou CELSUS, é um dos grandes nomes da moda portuguesa, no design, na produção. Do "Portugal Fashion" para passerelles do mundo como a Grécia, Espanha, Hungria, Itália, França, Jordânia, Libano, Egipto e Brasil, CELSUS eleva o nome de Portugal por todo o mundo.

 

É criador também de uma prancha de surf ecológica revestida de cortiça, juntamente com a Amorim Cork Composites.

 

Aveiro é a sua casa de onde trabalha para o mundo. Desde sapatos, roupa e chapéus, CELSUS é irreverente e trabalha com os melhores produtos.

 

Para além de todas estas áreas onde se faz presente, Celsus está envolvido também em causas humanitárias e é frequentemente convidado para trabalhar em eventos solidários.

 

"O mais carismático dos estilistas" chega até nós neste Versus.

 

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Horizontes Vs Prédios?

Horizontes. Sou mais de paisagens planas e coloridas. Conseguimos ter uma melhor noção das cores que a natureza nos oferece. São puras de tal forma que nenhuma lente as consegue captar. Nenhuma iguala a visão humana.

 

Cores Vs Preto?

Depende dos dias. Sou um artista muito versátil e os dias são todos diferentes. O preto é a junção de todas as cores-pigmento. Daí me sentir mais completo ao usar preto. Está associado ao misticismo e à magia e isso fascina-me… por outro lado, não sou nada mórbido e as cores fazem parte do meu dia-a-dia.

 

Multidões Vs Sonhos?

Sonhos, sem dúvida. Nos sonhos, viajas, levitas, imaginas e crias. Podes criar também para multidões. Seria um sonho?

 

Livros Vs Café?

Café, e com “cheirinho”! À português! É uma espécie de veneno e antídoto.


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Silêncios Vs Arte?

Um grito de Arte!

Temos tantos bons artistas neste país que precisam de uma promoção para crescer, algum tipo de apoio, mas continuam a promover sempre os mesmos e os mesmos que vivem na capital… é triste.

Os “revoltados” que conseguem, movidos pelo sonho, mudam de país e depois tornam-se obcecadamente reconhecidos cá… mais triste é.

Não precisávamos de os deixar ir… só precisamos de um país que aposte mais na cultura e na arte. Utopia Vs Realidade?

 

Agora Vs Futuro?

O Futuro depende do Agora…

 

Vinho Vs Viagens?

Viajar com vinho Português, sempre que possível!

 

Tradições Vs Inovação?

Não existe uma sem a outra.

 

Verdade Vs Ignorância?celsus2.jpg

A ignorância é a antítese do desenvolvimento humano, portanto para mim é completamente abominável. Para alguns é abdominável!

 

Portas Vs Campo?

Portas… para o mundo! Sou de descobrir, de crescer culturalmente, de viajar, gosto de abrir portas e ver o que há do lado de lá. Não me limito a observar, preciso de sentir, cheirar, provar…

É claro que me sinto super confortável no campo, acalma-me a alma… mas preciso também da cidade cosmopolita para crescer e perceber as necessidades das pessoas. É assim a vida de um designer de moda.

 

Olhos Vs Palavras?

Olhos. Sou feito de contacto visual, de absorção de tudo o que me rodeia, de experiências sensoriais. Para mim, “uma imagem vale mais que mil palavras”, porque também gosto de transmitir sentimentos naquilo que faço e “o que os olhos não vêem, o coração não sente!”

 

Celsus_collections.jpgReconhecimento Vs Realização?

Reconhecimento. Não é possível, de todo, sentir realização sem reconhecimento. Pelo menos na minha área. Essa é uma parte essencial na vida de todo ser humano, principalmente a nível profissional. Ao obter reconhecimento pelo trabalho executado e pelos resultados obtidos, a tendência é sentir mais motivação e realização profissional e, consequentemente, pessoal. Existem estudos científicos que demonstram que há uma parte do cérebro dedicada à recompensa e motivação. Quando esse sistema é ativado, automaticamente, o organismo da pessoa em questão liberta elementos químicos que farão com que ela se torne mais comprometida, proativa e focada nos seus objetivos.

 

Profano Vs Sagrado?

O sagrado tem-nos revelado o seu lado profano…

 

Praia Vs Estradas?

Praia, obviamente. Estradas só se forem pedonais e junto à praia para andar de longboard.

 

Internacional Vs Nacional?

Pena que para sermos "Nacionais" tenhamos que primeiro ser "Internacionais"...

 

Chapéus Vs Natação?

Chapéus! Cansa menos! (risos)

A natação e a alta competição foram uma “obrigação” enquanto criança e jovem. Agora em adulto, tiro partido dessa dedicação excessiva e faço apenas o suficiente para me manter ativo e em competição de forma saudável. Tenho caraterísticas de velocidade que não perdi e continuo a trabalhá-las para me manter como campeão nacional, agora no escalão master. Adoro competir e participar nos campeonatos internacionais, mas detesto treinar, porque o treino de um nadador éhats.jpg muito duro e solitário. Tento equilibrar isto tudo com o pouco tempo que tenho livre devido à minha situação profissional e familiar.

 

 

Quanto à paixão de fazer chapéus, trata-se de aliar a melhor materia prima do mundo, que é fabricada perto da minha cidade, à vontade de mostrar ao mundo que podem usar um produto de luxo. Lindo e cheio de detalhes de deixar qualquer um de queixo caído. É esta forma de surpreender que me mantém ativo e criativo.

 

Alguém Vs Todos?

Depende. Inevitavelmente crio para ALGUÉM, para um ser especial, único, que procura aquilo que desenvolvi para ele e que sinta essa peça de forma egocêntrica.

Mas quando trabalho, dependo de TODOS. Trabalho sempre em equipa e de forma a que a participação de todos seja evidente. Só assim conseguimos bons produtos.

 

Sentir Vs Lágrimas?

Sentir. Todas as minhas peças transmitem personalidade e, inevitavelmente, sentimentos. Cada peça é feita de forma singular, com empenho e dedicação. Cada campanha é apresentada de forma a surpreender e cada desfile é um show sensorial.

 

Sol Vs Cinema?

Sol de dia e cinema à noite!

 

Eu Vs Outros?

Dependemos todos uns dos outros. O melhor trabalho é aquele que é conseguido em equipa!

 

Obrigado CELSUS e até breve!