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Depois em Seguida

CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

29 de Janeiro, 2020

'Sonho De Uma Noite De Verão', Encenação de Pedro Lamas

 

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©Carlos Gomes

    ‘Sonho de uma noite de verão’ é um clássico de William Shakespeare, uma comédia teatral de capa-e-espada, de glória, do deslumbramento do belo e da personificação das tentações e os seus perigos.  

 

    A adaptação de Pedro Lamas é uma eterna bem-aventurança prometida aos nossos cinco sentidos enquanto espectadores de teatro; uma intensa sensorialidade do início ao fim da peça. Todas as tendências parecem intensificar-se em palco, numa impressionante imaginação criadora de visões e glórias, pela própria repreensão da vida actual.

 

    Os actores – finalistas do Curso de Teatro e Educação da ESEC – ligados em consciência ao texto de modo formidável, libertador, não só controlavam as diretrizes ensaiadas como a vontade de fazer bem e fizeram, APLAUSOS,  com confiança e efusões de empenho, APLAUSOS. 

 

Bravo!

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©Carlos Gomes

 

de 23 de janeiro a 1 de fevereiro
segunda a sábado às 21h30
domingo às 17h
Publico geral: 4€
Comunidade ESEC: 1€
M12
[Interpretação em Língua Gestual Portuguesa a 25 de janeiro e 1 de fevereiro.]

A guerra com as Amazonas terminou, mas a cidade de Atenas ainda recupera. Para assinalar o final do conflito, Teseu, duque de Atenas, planeia o seu casamento com Hipólita, a rainha amazona. Na floresta outro conflito dilata entre Oberon e Titânia, os monarcas do mundo mágico, sobre a custódia de um príncipe vindo da Índia. Na véspera do casamento quatro jovens atenienses desalinhados com o amor fogem para a floresta onde um grupo de atores ensaia uma peça de teatro para apresentar ao duque e à sua noiva. Durante a madrugada nada corre como planeado.

No início do ano, os alunos do terceiro ano do curso de Teatro e Educação da Escola Superior de Educação de Coimbra ocupam a Oficina Municipal do Teatro e levam ao palco um dos mais conhecidos textos de William Shakespeare. Em coprodução com o Teatrão, o espetáculo é também um projeto de intervenção que se insere na disciplina com o mesmo nome.

Sonho de uma noite de verão é uma comédia onde “amar se torna o último ato de resistência perante as tribulações de um mundo que se arrisca a sucumbir ao medo”.

Ficha Técnica e Artística
Título: Sonho de Uma Noite de Verão
Texto do grupo, a partir da obra de William Shakespeare
Interpretação: Ana Pereira, Ana Sá, Ana Mendes, Beatriz Franco, Carlos Vieira, Catarina Andrade, Catarina Arteaga, Catarina Bento, Daniela Silva, Fábio Saraiva, Juliana Roseiro, Mariana Rochina, Micaela Pinto, Pedro Matias, Ricardo Pereira, Rita Alves e Teosson Chau
Direção: Pedro Lamas
Assistência: Carolina Andrade
Desenho de Luz: Jonathan de Azevedo
Apoio ao Movimento: Cristina Leandro
Apoio Vocal: Cristina Faria
Cenário e Adereços: Carlos Vieira, Fábio Saraiva e Ricardo Pereira
Figurinos e Guarda-Roupa: Catarina Andrade, Pedro Matias e Teosson Chau
Grafismo: Paul Hardman (Teatrão)
Fotografia: Carlos Gomes (Teatrão)
Direção de Produção: Isabel Craveiro (Teatrão)
Direção Executiva: Ana Sá, Ana Pereira, Mariana Rochinha e Rita Alves
Comunicação: Ana Mendes, Beatriz Franco e Catarina Bento
Operação de Luz: Beatriz Antunes e Matilde Martinho (ESEC)

Produção ESEC em Coprodução com o Teatrão (2020)
Agradecimentos: Beatriz Antunes, David Meco, Diogo Manaia, Eng. Vítor Pais, Eva Freire Tiago, Maria Aline Antunes, Marta Silva, Matilde Martinho, Rodrigo Gonçalves.

28 de Janeiro, 2020

Ana Filipa Rodrigues

O Reservatório de Sensações, não quero exagerar, mas é, provavelmente, uma das mais bonitas contas do instagram de fazer crescer água na boca.

Ana Filipa é licenciada em comunicação, mas é a gastronomia que a motiva a “falar, a reunir as pessoas à volta da mesa e a despertar conversas longas e preenchidas de sabores e texturas”. Adora “pastelar” e “engordar” a família e amigos. Apaixonada pelo campo e pelas viagens, espelho do Reservatório.

No natal passado fotografou um editorial para a Guida Design Eventos e em 2018 lançou um calendário com receitas.

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©reservatóriodassensações

 

DES: O “Reservatório de sensações” é um blogue dedicado à comida e à viagem. O instagram do Reservatório é bonito, cuidado.  Como surgiu a ideia?

Ana Filipa: O Reservatório de Sensações é um projecto já com 12 anos. Surgiu numa altura em que eu era jornalista e sentia a necessidade de um espaço para partilhar as sensações, as histórias, os apontamentos, as situações caricatas que encontrava no dia-a-dia e não podia expor nas notícias. Na realidade, ao início era mais uma espécie de bloco de apontamento bastante pessoal, bastante emotivo, sem ser encarado com um projecto online. O Reservatório de Sensações tal como é hoje, só nasceu quando deixei a área do jornalismo. Aproveitei essa época para alimentar a minha paixão pela cozinha, por recolher receitas da família, mas também para falar um pouco das viagens/passeios que habtiualmente costumo fazer. O projecto começou a ser algo mais estruturado, com conteúdo regular, com as sensações que saiam da minha cozinha e dos meus passos. Mas este não é um projeto fechado e como tal há cerca de dois anos, com o regresso ao campo, tenho-me dedicado também a redescobrir a jardinagem e a agricultura. Outra das minhas paixões que começa a ser transposta também para o blogue e para o instagram do Reservatório de Sensações.

 

DES: Quais foram os melhores momentos desde que começaste o Reservatório?

Ana Filipa: Sem dúvida que o melhor momento do blogue aconteceu em Dezembro de 2017, aquando do lançamento de um Calendário de 2018 com receitas minhas. Uma iniciativa que contou com ilustração de Ana Seia de Matos e design de Luís Belo (gosto muito de trabalhar com eles). Nesse lançamento, tive o prazer de juntar muitas pessoas de bom coração que me seguem há anos e que me desafiam a continuar este singelo projecto. Foi um momento de passar do virtual, para o físico, de perceber que o Reservatório de Sensações pode ter outras camadas, para lá do que se vê nos ecrãs dos computadores ou dos telemóveis. Mais recentemente, tive a oportunidade de fotografar um Editorial de Natal para a Guida Design Eventos, inspirado nas memórias serranas e rústicas. É outro dos momentos felizes deste meu projeto. Mas são vários os momentos mágicos que tenho tido a oportunidade de viver graças ao blogue. Agrada-me o facto de graças a ele ter conhecido pessoas muito interessantes com projectos que podem fazer a diferença no dia-a-dia.

 

Des: Consegues ver-te sem ninguém à mesa ou achas que vais ter sempre necessidade de estar com a mesa cheia?

Ana Filipa: Cresci numa pequena aldeia (do concelho de Viseu)  onde o espirito de partilha era um sentimento geral. Fosse em que casa fosse, havia sempre lugar para mais um à mesa. Por exemplo, na minha casa de infância, havia um pátio exterior com acesso à rua. Sempre que organizávamos uma festa, quem passava na rua era convidado a estar connosco, a comer uma fatia de bolo ou a brindar à saúde. Era prática comum. Cresci com a mesa lá de casa sempre cheia de pessoas. É uma parte de mim, da minha personalidade. Portanto, sim, ter a mesa lá de casa cheia de boas pessoas e de boa comida é para mim sinónimo de felicidade. Contudo, confesso que há um lado meu que também precisa de calmaria. Quando quero experimentar novas receitas, novos sabores, fazer invenções, gosto de estar sozinha, sentada à mesa comigo mesma e com o meu paladar. Parece-me é uma forma de viver em equilibrio.

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©reservatóriodassensações

 

DES: O Reservatório é o único projecto deste género? Tens o sonho de te lançares em novos projecto?

Ana Filipa: Sou uma rapariga de sonhos, às vezes em demasia (sorriso). Mas sim, gostava acima de tudo que o Reservatório conseguisse crescer do virtual para o físico, com novas iniciativas, nomeadamente produtos ligados quer à gastronomia, quer à jardinagem. Sonho em criar mais conteúdo nestas áreas, mas de forma a que não fique confinado ao espaço virtual. Espero que com o início de um novo ano, (quase) início de uma nova década, isso seja possível.

 

DES: Sair da cidade e voltar a viver no campo é a felicidade suprema?

Ana Filipa: Sem qualquer dúvida. Já tive a sorte de morar em várias cidades de Portugal, todas elas lindas e maravilhosas, mas é no campo que o pulsar do meu coração encontra o ritmo certo para bater. Talvez por causa das minhas raízes, das memórias de infância, das tardes passadas na quinta dos avós, dos passeios com a ovelha mascote da família, da apanha da batata ou da desfolhada do milho, talvez por causa de todas essas sensações antigas que fazem parte da minha história de vida, sinto que o campo é o meu lar, a minha inspiração, a minha liberdade. Ter voltado ao campo, permitiu-me repensar uma série de comportamentos, permitiu-me abrandar o ritmo, mas acima de tudo permitiu-me respirar, não me sentir aprisionada entre betão.

 

DES: O que significa para ti as tradições do interior do país?

Ana Filipa: São uma herança preciosa. Principalmente no que toca a tradições gastronómicas. Não estamos a falar apenas de receitas antigas, estas tradições representam conhecimento antigo, histórias, vivências, experiências que passaram de mão em mão, de boca em boca, até chegar aos nossos dias. Representam parte do nosso património imaterial que deve ser cuidado e guardado para que as próximas gerações possam ter acesso a ele.  Por isso, fico muito contente que hoje em dia haja uma valorização preciosa destas tradições, seja através de recolhas fotográficas ou escritas, seja através da criação de espaços museológicos bem pensados ou outro tipo de iniciativas. Contudo, apesar do respeito que devemos ter pelas tradições, acredito que há sempre espaço para criar novas tradições e novas formas de olharmos para as antigas.

 

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©reservatóriodassensações

DES: Como ocupas os teus tempos livres?

Ana Filipa: Esta é muito simples de responder (sorriso): a cozinhar, a comer, a jardinar e a passear. E em tudo o que isso implica, como ler muito, aprender muito em formações e workshops, caminhar ao ar livre, conduzir quilómetros e quilómetros.  

Des: Obrigado. 

21 de Janeiro, 2020

'O Matadouro', de Michel Simeão

TEATRO | Agenda

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“O Matadouro” acrescenta que as imagens oficiais de promoção do espetáculo são

pinturas a óleo do artista brasileiro Fábio Magalhães.

 

“O que nós vamos fazer nunca foi feito em Portugal. A experiência de terror imersivo, desenrola-se dentro de um matadouro real e combina o que de melhor fomos criando em todas as nossas experiências”

 

“O Matadouro” é a próxima produção do projecto Casa Assombrava, assinado por Michel Simeã (Teatro Reflexo), e promete “terror psicológico”, “adrenalina ao rubro e as emoções à flor da pele” e é “uma paragem obrigatória para todos os fãs de terror”.

Para Michel Simeão é “uma descida aos infernos”.

A história desenrola-se numa antiga fábrica de pastéis de carne, Zambujo, na freguesia de Cortes, Leiria. Será criada uma “reconstituição fiel” do matadouro desativado e de “um marcante e curto episódio da vida da família Pinheiro”, “uma família altamente disfuncional, que se isolou num matadouro de uma pequena aldeia e sobre a qual se contam as mais grotescas, macabras e repulsivas histórias”.

 “Quanto mais tentares fugir, mais o chão se vai abrir debaixo dos teus pés”.

A estreia de “O matadouro” está agendada para 3 de abril de 2020. Os espetáculos têm uma hora de duração e vão ser apresentados às sextas e sábados, de meia em meia hora, entre as 21 horas e a meia noite. Limitados a 21 espectadores, são apenas para maiores de 16 anos. Os bilhetes custam 16 euros. 

11 de Janeiro, 2020

'As Aves Não Têm Céu', de Ricardo Fonseca Mota

Opinião | Literatura

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Um homem vagueia pelas noites insones, revisitando o passado e a culpa que lhe vai consumindo os dias. A mulher trocou-o por outro e levou consigo a sua única filha, ainda pequena. Na semana de férias em que finalmente pode estar com ela, sofrem um acidente de viação que resulta na morte da filha. A culpa e o passado cruzam-se neste romance feito de gente que vive no escuro, como o taxista que várias vezes apanha este pai e o transporta pela cidade silenciosa, e os dois companheiros com quem desde a morte da filha partilha o espaço.

 

Trata-se de um romance sobre a importância de modular a sensibilidade ao medo, procurando avidamente captar as diversas fórmulas “químicas” da existência humana (ou o seu fim, a morte) e a influência da culpa: que não adianta ultrapassar ou que necessitamos de ultrapassar, o silêncio, o verdadeiro silêncio.

“Se não disseres a verdade sobre ti próprio, não poderás dizê-lo sobre os outros." (Virginia Woolf).

Ricardo Fonseca Mota conseguiu a verdade nas personagens, todas elas principais, todas elas com a hostilidade necessária e ilusões para conquistar o leitor, não fosse “este” o maior desconfiado da história e no final o culpado, advertência minha(!).

Leto, a outra, o engenheiro, o Raul, o Cid, o Eduardo que é Falcão ou o Falcão que é Eduardo, o narrador, o narrador fingido, o fingido do narrador, a Úria (que representa tão bem a salvação, como se fosse a caixa de madeira de Cid, “com uma fechadura demasiado pequena para poder espreitar, feita de silêncio e escuridão”), o amor que é um bom negócio e a noite como preceito religioso, tornam a leitura deleitável, e conseguem transpor para o leitor, um sentimento ímpar de discussão sobre a dor no outro, a culpa em nós, o “talvez fosse” e as jarras que “pedem flores novas”.


“Afinal, o que é a epifania da carcaça?”

Num jogo de desconfiança entre perguntas não-retóricas, humor, momentos complicados e outros embaraçosos, Ricardo Fonseca Mota, transforma As Aves Não Têm Céu – provavelmente – numa das melhores construções literárias do ano ( não estou a exagerar).

Cheira “a juncos, e hortênsias, e a silvas”.

E se o livro fosse lido do fim para o início?

Parabéns.

(-Boa viagem.)