#odiaemqueopoemarebentoudochão, Sandra Corga Figueiredo
© Carlos Daniel Marinho
(poesia-murro)
Enfrento-te destemida mas desnorteada
Os pequenos pontos pretos que te aparecem no momento em que teclo furiosamente
Em catarse, embriagada
Não fazem sentido porque não mudam nada
Não mudam, não revelam, não alentam, não agora, não nunca, não sempre, NÃO
O mundo está doente, ferido de morte
E os há com a sorte, torpe, feia, e se alimentam dos outros
São vampiros, piolhos, carraças, traças
Cretinos.
A poesia que não muda o mundo, não te muda
Lê-se de amor e de corpos e de corpos e de amor
Não versa meninos que morrem na beira do sonho, com o som do mar
Nem o espanto mudo da mulher silenciada estrondosamente
É arte se te emociona, se te chega ao coração,
se te abana violentamente
É arte se te agride, se te transgride a razão
NÃO
E escrevo um verso profundo
incapaz de trans(torn)formar o mundo.
Sandra Corga Figueiredo