CONFINS DA INFÂNCIA, DE LAINS DE OURÉM (ILUSTRAÇÃO DE ANA OLIVEIRA)
«De tudo o que falta
Só lembramos o pormenor
Após a morte.»
©des
O livro “Confins da infância”, de Lains de Ourém, é um livro poético de actos de dar sem pedir; a verdadeira felicidade está em dá-la. É muito raro ver este posicionamento num livro de poesia.
Para o Lains, parece que para se ser de verdade é necessário, antes de tudo, ter infância de ninho; e depois, encontrar o verdadeiro lugar, a pátria e o “suor da própria mão”.
Lains conseguiu ser-se livre e esquecido de si próprio em cada poema; evidenciou a famosa frase de Jean-Paul Sartre (1905-1980): «o outro é o meu inferno»; seguir (n)a sua liberdade e (n)o seu esquecimento (eu existo mas depois existe o cheiro do frio, as chaminés, os pássaros, as madrugadas, os baloiços de corda). Devemos ser sinceros, mesmo por entre as descobertas ou travessias difíceis.
“Confins da Infância” é para ser lido como uma aventura de pensamento e vida, um encontro único e inefável com o nosso próprio ser. Importa reforçar que o poeta não simplifica o que não deixa de ser complexo.
As sensíveis ilustrações de Ana Oliveira ajudam na leitura e no encontro com a liberdade.
Boa leitura.
©des