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Depois em Seguida

CULTURA | MUNDO | ENTREVISTAS | OPINIÃO

02 de Maio, 2018

"josé" André Mariano

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

Fernando Pessoa (1888-1935)

O André tem o dom da palavra, de tirar ao coração a possibilidade de levar alguma coisa ao outro. É apaixonado pela figura de Fernando Pessoa: o desassossego em pessoa. "É um especialista em retratar Fernando Pessoa em performances ao vivo de pintura com os dedos"... é na ponta dos dedos que tem todos os sonhos do mundo. 

 

É autor do primeiro blog português sobre adopção na perspectiva do adoptado, sou mesmo josé (Blogs de Portugal). 

 

Arquitecto, marketeer, criativo,  visual merchandiser, formador, um empreendedor de sucesso. Criou a marca Gabirus ® - Já fui pé descalço que foi considerada uma marca portuguesa "que tem mesmo que seguir" (delas.pt). 

 

Faz parte do livro escrito e desenhado com 300 mãos, A Linha do Pensamento, a Cor da Emoção ( projecto da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho). 


"por isso questiono o sabor dos gomos da tua laranja... serão tão ácidos como os meus? não acredito. o que me leva a questionar mais uma vez sobre o doce tamanho dos teus gomos… e especular se um dia chegarão até mim para me aconchegar. é parvo. eu sei. mas um dia disseste que era grande, continuo a especular, eu sei. afinal de contas não passo de uma pequena ervilha…aprisionada em medos que conhece e luta por desconhecer."

Pesadelos, #soumesmojosé


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© Tie Me Up 

Generosidade VS Mudança?

sai uma fornada de pão quente para a mesa 5!
- senhor, senhor comei o pão antes que arrefeça.

estava sentado no banco daquela que seria a melhor esplanada da noite de Lisboa, quando ouvi alguém a falar de generosidade como se de pena se tratasse. desde então penso que ter pena é feio, por isso não gosto de ter pena. recuso-me...nem senti-la. acredito que a mudança é aquilo que faz de nós seres mais fortes e capazes. luto todos os dias para mudar...para me aventurar sentir. só assim, sou feliz a comer aquele que é o pão mais genuíno da cidade.

 

O dia VS Nesse dia?

sou uma pessoa de histórias e tenho uma especial para te contar. naquele dia ouvi aquela que seria a figura-mulher dos meus sonhos, dizer: “sabes ainda me lembro de quando eras pequenino e sorrias para mim com aqueles olhos que seriam mais puros que a própria verdade”. nostalgia. e desde esse momento fiquei preso ao que nesse dia se traduzia o começo da minha história. foi nesse dia que soube a verdade.

 

Medo VS Saudade?

ainda não te disse, mas sou mais medroso do que aparento. tenho medos que não posso revelar, pela angústia que isso me possa trazer. por isso sou prisioneiro de uma saudade que me tenta destruir e ao mesmo tempo me torna mais forte. saudade é o mote para que consiga preservar as coisas boas da vida e curar as feridas que sinto.


"Vai e sê feliz" VS "No silêncio do teu olhar"?

ainda oiço as tuas palavras de despedida...“vai e sê feliz!”, mas “no silêncio do teu olhar” senti que me mentias. sabes tão bem que não gosto que me mintam.

num deambular em círculos procuro, sempre, a verdade nos olhos que me fitam. sou incessante e só descanso quando sinto que o que dizes é sincero. recordas-te daquelas pausas que fazias enquanto me confrontavas com o teu olhar? senti que eram pausas de desconforto para não te deixares levar. mas ainda aqui estou! lembra-te que não existirá silêncio mais forte que um olhar vago... sem destino.

 

Buscar VS Trazer?

aventureiro por excelência... qualquer “josé” busca e não traz. busca detalhes, busca aventuras... busca momentos, mesmo sabendo antemão que lhe trarão algo de bom. assim penso. assim acredito.

 

Abraços VS Pintar?

sabes...sou uma pessoa de contacto...uma pessoa de carinhos e, se um dia já fui um sem tecto e afecto, não existirá nada mais importante para mim que sentir um forte e doce abraço. não sou carente mas preciso do teu toque para me sentir vivo e poder cuidar. deixas-me?

 

Raízes VS Liberdade?

já te contei a história do meu jardim? adianto-me à tua resposta e num sufoco ligeiro digo-te que é tão grande como o tamanho do meu coração. nele habitam os corações de oiro que tive a sorte de conhecer. somos fortes e são as nossas raízes que nos fortalecem no espaço e no tempo...levando a que sejamos um naquela que seria a narrativa das nossas vidas. não preso, mas seguro àquelas que são as minhas origens.

 

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 ©Arquivo Pessoal (Metropolitano Lisboa)

 

Inícios VS Finais?

a minha avó diz que sou um “bicho do mato”! sabes meu querido, disse um dia, “sempre foste um bicho do mato escondido num coração tão puro”. sem vaga modéstia… sei disso. sempre disse também que era um bom contador de histórias, mas era as escutá-las que a qualquer coração sentia apego. entre validações e gestos sinceros... prefiro sempre escutar “era uma vez”.

 

Céu VS Mar? 

agora é que me lixaste poderia dizer o poeta. mas eu digo... foste esperto! reconheço quem faz o trabalho de casa...e a ousadia que sente por me colocar entre a espada e a parede. não te esqueças menino...por muito conforto que sinto por procurar quem me amou um dia... nas ondas de um mar revolto...é no céu que procuro a vida.

 

Tolerância VS Preconceito?

não direi de caras que sou um vencedor, pois estaria a mentir, mas sou um guerreiro. luto. luto todos os dias pelo que acredito. não é fácil e, por vezes dói... machuca. mas um dia aprendi a tolerar. não fraquejei. apenas me transformei e aceitei. aprendi a dar tempo ao tempo... pois na guerra a vitória não chega logo, tal como a esperança não chega só, necessitando de ser trabalhada para que a bandeira seja hasteada.


"Pé descalço" VS Pé-de-amor?

já te disse, “já fui um pé descalço!”.


Instantes VS Lugares?

instantes são os momentos, mas o que nos leva a viajar e guardar no coração são os lugares. foge! chegou! e não consegui apanhar-te por tão breve que foi! nada disso. gosto de me recordar... de me lembrar... de visitar e deambular pelos lugares a que pertenço.

 

Cara VS Coroa?

não sou de riquezas, bem sabes. modesto e de raízes humildes... sou, aquilo que posso ser e não ser. coroa? não! cara! por favor.

 

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©Arquivo Pessoal 

 

Escrever VS Sonhar?

sonhar! bem a minha mãe diz que sou um “eterno sonhador” e, que se fosse irmão da minha prima não seriamos tão iguais. sei que posso contradizer-me, mas quando sonho sou livre. viajo e realizo, tornando as buscas... as minhas verdades.

 

Jardins VS Casa?

“lembras-te de ter dito que com o passar dos meses comecei a adquirir uma rotina inconstante? onde o ir levar, buscar e trazer eram sempre uma incerteza?”
hoje digo-te... que quanto mais tempo passava naquela casa... mais feliz era.

 

Nascer  VS Contador de Histórias?

procuro sempre a realidade das coisas. “contar histórias” deixo para os sábios. lembra-te...para que as histórias surjam é preciso nascer. nascer é viver para contar. quem sabe se um dia chegarei lá!? 

 

Poesia VS Reflexão? 

não há segredos nem romances que uma verdadeira reflexão não possa trazer. crua. sem mascaras e rodeios. acredito no poder das palavras e no seu verdadeiro significado...descoberto entre planícies verdes e amarelas. e tu? profunda é a viagem se acreditarmos que podemos chegar lá e quanto mais fundo formos. sem mentiras, modéstias nem romances.

 

Check-in VS  Check-out?

in or out? in beirão-saloio.

 

Coração VS Cérebro?

lá vai ela! maria, gritas tu... e lá vai ela! despreocupada e destemida segue o seu rumo como manda o coração. sufrágio, grito! "vai...vai e depois choras!" mas a maria vai sempre e nunca olha para trás. sem pestanejar acredita e, só se dá por vencida quando chega...quando alcança. burra? pobrezinha da maria, pensas! não penses e permite-te sentir também.

 

Caneta Vs Lápis? 

num abrir e fechar de olhos diria caneta, “josé”! por ser eterno os seus traços desenhados, mas fazendo uma retrospectiva... penso lápis. sempre... lápis. pela sua história, pelos anos que foram precisos... e pela dor que se sente quando se escreve e desenha. linhas rugosas, não-perfeitas, gastas e fortes... contraste que só outrora... o mais puro diamante tinha para oferecer.


Obrigado, André. 

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