#odiaemqueopoemarebentoudochão, Cidálio Castro
©Carlos Daniel Marinho
Calafrio!
Quando surgir um novo resto,
Um fio fino de suporte.
Quando germinar do pó
Outra realidade viva
Que, do pensamento,
Extinga a morte.
Quando, do tudo, agora nada,
Sobrar um gesto e um sorriso,
Um penso rápido e preciso,
Um brilho sem o cinza escuro que escurece em permanência.
Quando expelirmos o grito que agora está contido.
Quando pudermos partilhar diários de pequeno ser aflito, em abstinência.
Quando, se o quando aqui chegar, for meia noite em ponto,
Aí faremos danças feiticeiras,
Buscaremos os entes nossos
Abanando hastes e bandeiras
E daremos abraços infindáveis.
Depois, logo depois,
As vidas salvas seguirão os dias,
Farão esquecimentos,
Tacharias,
Até serem rasgadas as folhas pagináveis...
Até um outro desafio.
Aurora apática,
De curto...
Imperdoável calafrio!
Cidálio Castro