#odiaemqueopoemarebentoudochão, Rosa Maria Coelho
© Carlos Daniel Marinho
Sempre Nós
Era Maio e as minhas mãos
Vazias e nuas
Num repente encontraram as tuas
E ali ficaram
Quietas, mudas
Com sede, de tudo que não sabiam
Mas queriam
E adivinhavam nas tuas
Não me perguntes porquê,
Tive vontade que aquele tempo
Fosse para sempre assim
Não me perguntes porquê,
Tive vontade de me colar em ti
Fazer no teu ombro, o meu futuro
Não me perguntes porquê,
Tive tantas vontades
Decerto iguais às tuas,
Mas tantas...,
Que quase quis ali, ficar nua
De tudo,
Do resto que pra mim já não existia,
Já que só tu me valias
Não me perguntes porquê,
Mas desejei mil vezes que a tua boca
Sonhasse com a minha
Me beijasse inteira
E como num sonho voássemos, até à Lua
Não me perguntes porquê,
Mas a partir dali cada dia, era menos um peso
Pois só sonhava em ser tua
Toda tua,
Não de beijos
Não de abraços
Mas inteira, de corpo e alma acesa
Os dois fundidos num só, iluminados pelo Sol
Tapados pela Lua
E juntos, assim, unos sermos
Naquele estar de mãos cingidas, coesas
Que nada devia nunca separar...
Não me perguntes porquê,
Mas foi sempre assim o meu sentir e estar...
É ainda assim que nos sonho
Envoltos em lençóis de seda,
Nus, tu e eu,
Numa junção Cândida e infinda
Amor que sofre, chora e sorri,
Amor que é para toda a vida
Não me perguntes porquê? ...
Rosa Maria Coelho